Especial: jogos não-licenciados – Parte 8

julho 30, 2010 at 5:00 pm 2 comentários

por maxi

Bom, conforme começamos na última sexta, hoje daremos prosseguimento aos jogos não licenciados de Mega Drive, vendo ports de coisas lançadas para outros sistemas. Comecemos pelo infame Super King Kong 99, que é uma versão muito piorada de Donkey Kong Country facilmente achada em lugares que vendiam jogos made in china até alguns anos atrás.

Os chineses são mais espertos do que a Nintendo e diferente dela não foram processados pela Universal.

A jogabilidade deste é um desastre, além dela ser extremamente dura e só contar com Donkey Kong como personagem jogável, ainda mapearam o botão de corrida diferente do botão de carregar objetos. Isso tirando que, ao chegar em uma determinada fase, fica impossível de continuar porque o cenário simplesmente acaba sem te dar condições de terminar o estágio. As músicas também são bem ruins, e o visual apenas cumpre o seu papel, sendo parecido com o de Vectorman, que por sua vez era pior que Toy Story, este sim com gráficos digitalizados muito bons para o mega. A versão pirata de Nintendo dá uma surra nesta daqui sem o menor esforço.

Um outro infeliz, mas nem tanto, que foi para o 16-bits da Sega foi Rockman X3/Mega Man X3, também encontrado para vender aqui no Brasil com os mesmos vendedores “especializados”. Existe uma história não comprovada sobre esta versão de que ela era, na verdade, uma tentativa de um programador de fazer o jogo todo para o sistema, mas acabou cancelada e lançada pelos chineses de maneira informal.

Mega Man X para o mega não cairia mal. Se fosse feito pela Capcom, claro.

Um fato que poderia ser usado para justificar essa história é que este jogo realmente tem cara de ser uma versão beta de alguma coisa maior. Os controles de Mega Man são bem precisos, o layout e visual dos cenários reproduzidos na íntegra (dentro das limitações do mega, é claro), assim como os sprites dos inimigos. No entanto, a animação dos mesmos é muito estranha, parecendo que faltam frames, assim como os cenários também perderam suas animações (as esteiras por exemplo não existem mais). São constantes ainda alguns “tilts” nos gráficos e na colisão geral. Mega Man já começa com sua armadura completa com a maioria dos power ups, mas as armas dos chefes e corações ainda precisam ser coletados normalmente (o sistema de password do jogo permite continuar com ambos). Aliás, as armas ganhas são acessadas pausando o jogo e apertando o botão C, já que o menu da pausa está ausente aqui. Duas fases estão ausentes, a do Acid Seaforce e do Explose Horneck, e estranhamente a segunda fase do laboratório do Dr. Doopler pode ser acessada normalmente. Por fim, é um jogo ruim mas que serve para provar que a série X poderia ser lançada para o mega sem maiores mudanças. A música também deixa muito a desejar, sendo que reproduções recentes feitas por programadores usando o chip de som do console dão um show nelas, como vocês podem conferir nos exemplos abaixo.

Versão pirata do tema do Zero:

Versão oficial do snes da primeira fase:

Versão feita por um fã da mesma música no chip do mega:

Mais um título da Capcom feito originalmente para o Super Nintendo e portado de forma não-licenciada para o Mega Drive foi Aladdin. Enquanto que o mesmo tinha a maravilhosa versão da Virgin já discutida aqui, a empresa de Ryu e cia ainda detinha os direitos de fazer jogos de personagens da Disney que adquiriu ainda na época do nes e fez sua própria versão do jogo, que trocava as lutas de espada por uma jogabilidade mais acrobática e trazia uma trilha sonora baseada no longa. E a versão pirata de mega, Aladdin 2, ficou até bem fiel ao original. Embora a jogabilidade esteja piorada (mas não ruim) e as músicas trocadas pelas composições de Tommy Tallarico, com algumas mudanças também para pior, acaba sendo um jogo até divertido. Só que se torna descartável perante a disponibilidade de jogar o mesmo em seu console original.

A Nintendo definitivamente não gosta de espadas.

Indo um pouco mais adiante no tempo, outro título da Disney que recebeu seu próprio jogo (e qual deles nunca recebeu?) foi Hercules, lançado para os PCs e para o PlayStation. Feito pela Disney Interactive Software (um subdivisão deles já criada com o propósito de produzirem seus próprios jogos), acabou sendo um dos jogos 2D mais bonitos do console, com uma jogabilidade até bacana. Só que este também foi convertido para o mega por meios ilícitos, e a pesar da tentativa de deixar o jogo o mais parecido possível, tudo em Hercules 2 é ruim. Aliás, é possível perceber como a jogabilidade é truncada logo na primeira leva de inimigos do jogo, que são um monte de bonecos imóveis que causam dano caso encoste neles (por mais absurdo que toda a situação pareça). Um fato curioso é que os chineses parecem gostar muito da Disney, fazendo muitos jogos de seus personagens, não só para o Nintendo como também para o Mega Drive, com mais exemplos que veremos na próxima parte da matéria.

Se esses bonecos imóveis já te espancam não queiram nem saber o que fazem os morcegos que ficam mais adiante.

Ainda nessa mesma época, saiu um dos poucos jogos de Mortal Kombat que prestaram, o Mythologies Sub-Zero. Lançado originalmente para o PSX e N64, era um jogo de plataforma misturado com beat’em up usando elementos da jogabilidade dos MK tradicionais e com resolução de alguns puzzles nas fases. Este foi mais um alvo dos orientais, que lançaram Mortal Kombat 5 – Sub-Zero (creio que o 5 seja porque o 4 havia acabado de chegar ao mercado). Acabou ficando medíocre, mas é interessante observar aqui que conseguiram criar uma mecânica bacana mesmo que meio diferente da original, também mostrando que Mythologies Sub-Zero poderia ganhar um bom port para os sistemas 16-bits sem perder muito de suas qualidades.

Midway wins.

Agora regredindo MUITO no tempo, na época dos 8-bits, tivemos outro jogo da Disney legal feito pela Capcom para o nes, Chip’n Dale Rescue Rangers ou Tico e Teco e os Defensores da Lei, como o desenho (que atualmente voltou às telas da Globo após anos e anos no armário) ficou conhecido no Brasil. O primeiro jogo não era grandes coisas, parece que a Capcom ainda estava “descobrindo” o hardware do Nintendo quando o fez. Já o segundo foi um dos melhores jogos do console, o que é uma pena, já que nunca recebeu continuação. Bom, pelo menos não oficialmente…

Acontece que a mesma empresa que fez Legend of Wukong, que vimos na última parte da matéria, também fez Squirrel King, uma seqüência de Chip’n Dale não oficial. Vários elementos dos dois primeiros jogos estão neste aqui, com a adição de uma bola de fogo que Tico e Teco podem soltar apertando um botão (?!). Os gráficos e músicas não são essas coisas mas não chegam a ser ruins, e é interessante um detalhe que implantaram nos telhados das casas, fazendo você deslizar neles até cair após pouco tempo, e obrigando o jogador a dar constantes “pulinhos”. O pessoal do Sega-16 costuma babar muito ovo desse jogo, mas eu pessoalmente não vejo nada de mais nele, é um jogo de plataforma OK que fica atrás do trabalho da Capcom, principalmente do C’nD2.

Squirrel King ensina a máxima dos metidos a Ursulão: cuidado ao subir em telhados.

Como já falamos de Squirrel King, podemos voltar agora ao Super Nintendo. A engine do jogo foi usada para criar o mais popular dos piratas de Super Mario Bros, que é uma versão terrível lançada para o Mega Drive, também fácil de ser adquirida aqui no Brasil, onde Mario e Luigi atiravam caixas para tudo quanto é lado e que não merecia nem ser citada aqui. Só que, usando alguns pouquíssimos elementos dessa versão, a mesma empresa criou um clone um pouco melhor de Mario chamado Super Mario 2 1998. Este, ainda trazendo uma jogabilidade falha, tinha gráficos bem melhores e elementos muito mais fiéis ao trabalho da Nintendo. Me lembra, de certa forma, o Mario World versão 8-bits que já vimos aqui. É um trabalho que, com mais esmero, poderia ter sido algo bom.

Parece bom, mas não é.

Mas contudo porém entretanto, a mais impressionante dessas tentativas de trazer o encanador para o lado negro da força vem agora. Existe um jogo ainda hoje fabricado em Taiwan chamado Super Mario World 64 que vocês conferem logo abaixo:

O cartucho contém uma proteção que dificulta em muito o mesmo de ser dumpado e lançado em rom. Algum tempo atrás o pessoal do Sega-16 (incluindo algumas pessoas envolvidas com o Pier Solar) meio que começou a se organizar para ver se conseguiam fazer isso, mas como não houve mais conversa entre eles no fórum não se sabe se vão mesmo levar os planos para frente. A pesar dos poucos problemas que vocês podem ver no vídeo e de que o jogo aparentemente só tem 5 fases (segundo quem já o jogou), além é claro das músicas e efeitos sonoros retirados de outros jogos do console, é impressionante o trabalho dos orientais nesse port. Juntamente do Final Fight 3 de nes, este é outro que eu gostaria de ter em cartucho mesmo sendo algo não oficial.

Acabamos por hoje. Na parte 9 da matéria veremos o resto dos não-licenciados para o Mega Drive com um beat’em up embasbacante. Aguardem.

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MMO FTW, multiplayer de verdade Kinect 4

2 Comentários Add your own

  • 1. Especial: jogos não-licenciados – Parte 9 «  |  agosto 6, 2010 às 5:05 pm

    […] encerraremos a parte da matéria correspondente ao Mega Drive. Como dito na última semana, um fato curioso é que os orientais parecem gostar muito dos personagens da Disney, tanto é que […]

    Responder
  • 2. bluepasj  |  setembro 16, 2010 às 7:33 pm

    ah, pára! Vectorman é MUITO mais bonito e melhor q Donkey Kong!

    Responder

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